Cobrador pra que?
Antigamente, quando eu ainda era criança, podia observar que existia uma certa preocupação por parte de quem fosse a autoridade no sentido de segurança para quem fosse passageiro de um ônibus principalmente por causa do aviso que constava em todos os veículos: Fale ao motorista somente o indispensável, que já traduzia verdadeira preocupação com a segurança de todos visto a qualidade do serviço que seria oferecido ao usuário devido a concentração do profissional que estava a frente das vidas que eram conduzidas.
Hoje em dia existe o código nacional de trânsito demonstra mais severa preocupação com a vida, pelo menos no papel de lei, que exprime a necessidade de cinto de segurança, o não uso de celulares, o uso de duas mãos ao conduzir o veículo, atenção total ao o que está sendo feito... absoluta relevância ao item segurança de quem dirige e é por ele conduzido. Só que quando o assunto é empresa de ônibus e a segurança de quem é conduzido aí isto fica relegada a um plano inferior. Na atualidade e quem assume o patamar de coisa mais importante é o lucro do empresário, já que é dispensado da obrigação de oferecer ao seu usuário um profissional de cobrança da passagem deixando esta árdua tarefa também a quem dirige o carro, obrigação esta que se refere até aos encargos sociais inerentes ao salário e sempre maiores que o próprio que significa o emprego e o sustento de famílias, dinheiro que fica todo confinado no bolso do dono da empresa de ônibus e que pelo trabalhador é arrecadado, como se veículos de transporte fossem adquiridos a vista e fossem propriedade somente dos donos das garagens, literalmente são mas na maneira poética de se interpretar a realidade, sempre puxando o entendimento de qualquer assunto para um modo que fique mais agradável a quem possui o quinhão maior das coisas, o veículo na verdade é do dono da empresa mas a pessoa que trabalha nele não ou as que trabalham com ele ou indiretamente com todos os veículos da empresa então porque a sobreposição do interesse do empresário a vida de quem dirige o veículo ou de quem é conduzido por ele, já não se faz todas as concessões possíveis ao lucro por exemplo com a permissão de que o empresário não seja obrigado a construir degraus mais próximos do chão a fim de facilitar o embarque e o desembarque de passageiros, quanto a isso as autoridades querem é mais que os idosos se explodam eles que andem menos de ônibus. E a inversão do embarque desembarque o que praticamente zerou o nº de calotes? Houve algum tipo de redução nas passagens já que uma das justificativas para os altos preços, era o grande número de calotes e que os pagantes assumiam também o custo dos que não pagavam a passagem. Já não era suficiente bancar o custo dos inadimplentes que desapareceram mas, o custo deles continua, agora temos que assumir quietos o custo do lucro desenfreado do empresário ou da prefeitura ou do Estado ou da Fetranspor? Na verdade é muito grande o dinheiro que rola nas passagens. Vamos imaginar uma linha que conduza poucos passageiros por turno o que dá uma média de 400 passageiros dia o que quer dizer a certeza de R$1100, 00/dia fora os não pagantes que na verdade são pois o Estado paga em belas cifras. Vamos nos ater a estes poucos 400passageiros/ dia o que na semana de seis dias gera R$ 6600,00 e num mês que geralmente tem 4 semanas R$ 26.400,00 só em um turno/um carro. Em dois turnos é o dobro disso R$ 52.800,00 Por linha e por dois turnos de um carro que transporte pouca gente. Existem linhas que são equipadas com mais de 30 veículos, eu fui motorista de uma linha que tinha 35 carros que seguiam viagem a cada 3 minutos de intervalo e só andavam cheios em todas as 5 linhas que funcionavam no tempo em que a passagem tinha um preço não muito diferente de um cafezinho no balcão de qualquer boteco e já era caro andar de ônibus. O que hoje seria falando por baixo uma receita de R$ 38500,00 por dia apenas pelo 1º turno e R$ 77.000,00 pelos dois turnos, sem falar que existem carros de TU e carros de 3º turno o os bacuraus que rodam a noite inteira e carros que circulam também aos domingos, umas linhas mais e outras linhas menos mas todas as linhas têm carros aos domingos mas por ora vamos nos deter apenas em carros de dois turnos que não trabalhem aos domingos e carreguem pouca gente e sem contar os pagantes que tem a aparência de franqueados por gratuidade mas na verdade não o são o que dá um total de arrecadação de R$2002000,00 de receita sem contar o que já foi retirado do cálculo e as linhas de grandes receitas que chegam a carregar mais de 600 passageiros por dia/turno o que em 26 dias dá o total 15.600 mês ao custo passagem de R$ 2.75,00 X 15.600 = R$ 42.900 por carro. Já excluídos os TUs os domingos e os bacuraus.
Agora além de ser mais que o dobro de um cafezinho que atualmente está em torno de R$1.10,00 e o funcionário em si não ser muito caro, em função do benefício que representa para todos e o quanto ele ganha mesmo de salário, ele não é subtraído do custo da passagem que se paga mas ele é. E o pior o motorista não ganha nada mais por esta dupla função exercida em seu já desgastante e insalubre turno de trabalho mas é claro que você não liga né? O preço da passagem tá bom e afinal, cobrador pra que?
Ontem (03/04) eu fiquei horrorizado de ouvir na reportagem sobre as causas do lastimável acidente com o ônibus que caiu do viaduto, ao ouvir também a informação de que é um acordo entre a Fetranspor e o sindicato a situação de não existir cobradores em alguns ônibus. Como eu sempre dizia quando era rodoviário, motorista, o sindicato é do patrão e agora afirmo, o sindicato é um grupo de comprados que vendem a vida dos outros assim como os políticos do Brasil que em geral vendem a vida dos cidadãos aos empresários de bancos, de transporte e comunicação e saúde por trinta moedas de prata, piores do que esses Judas são os do sindicato dos rodoviários que vendem a saúde de seus companheiros e põem em risco a vida dos passageiros e a paz urbana que também é composta de caos mas o caos da paz urbana é a permanente pressa, o trânsito, a demora na fila do banco ou qualquer fila, o ônibus que sempre demora o metrô que atrasa, o trem que para, a barca que fica a deriva, este caos é paz na cidade. Qualquer coisa fora disso seria marasmo de interior. Motorista de ônibus cobrando passagem é permanente risco de vida aos passageiros e aos pedestres mas só o povo com exigência e manifestação e os políticos Judas desta cidade com leis que sejam verdadeiramente para proteger, não somente para multar, é que estarão cumprindo seu propósito de existência política.
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